O baú do Permacultor: Tijolo Solocimento

Os tijolos de solo-cimento se apresentam como boa alternativa em processos construtivos sustentáveis pelo baixo custo em sua produção, alta resistência e bom acabamento, pode ser usado a vista dispensando acabamentos posteriores, seu processo de produção não exige mão de obra especializada e apresenta bom rendimento. Modelos vazados com encaixes possibilitam agilidade em sua aplicação, utiliza quantidade reduzida de argamassa para assentamento se comparado a tijolos convencionais. Tijolos com bom acabamento podem ser aplicados com cola PVA o que torna o processo pratico e econômico, em modelos vazados pode-se preencher os vãos dos tijolos formando colunas internas nas paredes facilitando e acelerando o processo construtivo.

Equipamentos necessários

1 prensa

1 peneira 4,8 mm (Nº 4 )

1 peneira 0,075mm (N º 200 ) (apenas para análise do solo)

1 enxada

1 enxadão

2 pás

2 carinhos de mão

2 baldes

1 regador

reservatório de água

Processo de produção

Escolha do solo - A escolha se faz conforme as recomendações do capitulo análise do solo da pg xx. há características especificas para confecção dos tijolos de solo-cimento, devem ser usados solos que apresentem em sua composição cerca de 45% a 85% de areia, 15% a 55% de argila e silte e isentos de matéria orgânica. A ABNT exige que todo o solo empregado na produção dos tijolos passe em uma peneira de 4,8mm (nº 4).
A peneira 0,075 é usada apenas para verificar se o solo é adequado, ao peneirar uma porção de terra deve-se verificar quanto do volume passa pela peneira, os solos indicados são os que permitem a passagem de 10% a 50% do volume.

Retirada do solo - Quando possível deve ser feita no próprio local da futura construção, aproveitando a terra retirada durante o nivelamento do terreno e das aberturas de valas e brocas da fundação, quando não for possível a coleta deve ser feita próxima da obra reduzindo transportes. Ao armazenar o solo não se deve deixa-lo exposto a chuva.

Peneiramento - O peneiramento deve ser feito em uma peneira de 4,8mm (Nº 4). Tendo acesso a um destorroador este pode ser usado antes do peneiramento para desmontar os torrões facilitando o processo, existem também trituradores que dispensam o peneiramento, possuem regulagens que permitem especificar a dimensão de saída.

Dosagem - Nesta etapa são adicionados aditivos para estabilizar o solo, os mais comuns são cimento, cal ( CVC ) e fibras ( serragem, esterco, palha, bagaço de cana, casca de arroz...), podem ser acrescentadas a mistura outros aditivos como impermeabilizantes e emulsão asfáltica contanto que sejam analisados os resultados previamente , o total de aditivos não deve ultrapassar 15% do volume mantendo a mistura com no minimo 85% de terra em sua composição.
Cimento - o cimento corresponde de 6% a 10 % do volume total e é aplicado conforme as características do solo, devem ser feitos tijolos experimentais para avaliar o comportamento do solo com variações no traço e definir o qual será empregado.

% Cimento	Traço
10%	1/9
9%	1/10
8%	1/11,5
7%	1/13,3
6%	1/15,5

Em casos de aplicação de menos de 5 % de aditivos pode até reduzir a resistência pois interfere na coesão dos minerais da argila e não oferece quantidade suficiente para garantir resistência

o cal é mais eficiente em barros argilosos e o cimento em barros pobres , o cimento se relaciona melhor com a argila caolina e o cal com a motmorilonita

Cal e Fibras – O cal e fibras devem ser adicionados conforme a quantidade de argila presente no solo, em solos com baixo teor de argila acrescenta-se cal para proporcionar liga a mistura e em solos com alto teor de argila acrescenta-se fibras para reduzir o índice de elasticidade da mistura evitando o surgimento de fissuras.

Teor argila	% Cal	% Fibras
15% - 20%	5%	- - - - - -
20% - 25%	3%	- - - - - -
25% - 30%	- - - - - - -	- - - - - -
30% - 35%	- - - - - - -	3%
35% - 40%	- - - - - - -	5%

As misturas que contenham cal devem permanecer em repouso durante um dia e misturas que contenham fibras devem repousar por 10 dias antes do uso para garantir a estabilidade do solo no momento da moldagem.

Mistura – Para fazer a mistura é necessário o uso de uma unidade de medida comum para manter a proporção do traço, pode ser utilizado um balde para esta finalidade( explicar melhor as proporções da mistura ). Ao fazer a mistura é importante preparar uma quantidade suficiente para trabalhar cerca de uma hora , para que o cimento não ultrapasse seu período de pega. A homogenização é importante para garantir resistência ao tijolo, o cimento deve ser adicionado a terra com baixa umidade e mexido até que toda a mistura apresente coloração única, logo que a mistura apresente um aspecto uniforme acrescenta-se água aos poucos até atingir a liga necessária.

Moldagem – Consiste em compactar a mistura em um molde, os moldes podem variar de tamanhos e formas permitindo produção de tijolos para diversas aplicações. Ao confeccionar tijolos maciços é importante manter a seguinte proporção, a largura deve ter o dobro da altura e o comprimento o dobro da largura ( ex: 5 x 10 x 20cm - 6,25 x 12,5 x 25 cm), desta forma aumenta-se as possibilidades de aplicação do tijolo.
Em tijolos de encaixe vazados deve-se manter a proporção entre a largura e comprimento tendo o comprimento o dobro da largura, a altura não influi porque estes tijolos são usados sempre na horizontal.

O processo de compactação pode ser realizado manualmente comprimindo a mistura nos moldes com o uso de uma prancha de madeira, é preferível que a compactação aconteça em uma prensa para proporcionar melhor resistência ao tijolo acabado. Existem no mercado prensas especificas para produção de tijolos de solo-cimento.

Ao colocar a mistura no molde deve-se verificar se não há resíduos de moldagens anteriores que possa interferir. Para facilitar a desmoldagem mantem-se o molde sempre untado com óleo queimado.

Cura e estocagem - Assim que for deformado o tijolo deverá ser empilhado, as pilhas não devem ultrapassar 1,5m e devem ser feitas em local plano para evitar deformações. A cura deve ocorrer em local protegido do sol e vento preferencialmente em local coberto, quando não for possível os tijolos deverão ser cobertos com lona plastica.
Durante os trés primeiros dias os tijolos deverão ser umidificados 3 vezes ao dia,com pulverizador ou regador, inicia-se este processo 6 horas após a desmoldagem. Do quarto ao sétimo dia deverá ser molhado ao menos uma vez ao dia e após o sétimo dia molhar eventualmente, quando o tijolo apresentar baixo nível de umidade.
O processo completo de cura leva em torno de 4 semanas, os tijolos podem ser usado após o sétimo dia contanto que seja com cuidado para não o danificar, concluindo sua cura na obra . A resistência apresentada pelo tijolo após ao período completo de cura chega a ser entre 70% a 100% superior a que o tijolo possui após a primeira semana de cura.

Rendimento

Os materiais necessários para a produção de 1000 tijolos de encaixe vazados nas dimensões 6 x 11,5 x 23 cm são aproximadamente 1,2m³ de terra, óleo queimado para lubrificação dos moldes, estopas, cal e fibras quando acrescentados faz se o calculo conforme a porcentagem aplicada e cimento de acordo com o traço usado.

Apresentar quantidade para outras medidas*