Material ecologicamente correto, excelente sequestrador de carbono, possibilita em muitos casos substituir a madeira que é outro material natural mas que por ser na maioria das vezes extraída de maneira inadequada, comercializada de forma clandestina vem causando graves danos ambientais, outro fator é a rapidez com que o bambu se desenvolve, enquanto a madeira leva em media 25 anos para estar pronta para o corte, a maioria das especies de bambu podem ser cortadas em apenas 3 anos. No mundo existem cerca de 1300 espécies das quais 400 são comuns no Brasil.
Disponível em quase todo o mundo, é adequado a construções de baixo custo, porem no Brasil por fatores culturais não há grande exploração das potencialidades do material, diferente de alguns países onde alem de ser altamente difundido encontramos exemplos de edificações de alto padrão construidas com bambu.
O bambu apresenta alta resistencia mecânica, sua resistencia a tração é superior a da madeira e do concreto, sendo superado apenas pelo aço, porem sua resistencia biologica é baixa, por possuir alto teor de amido serve de alimento para insetos e fungos que causam seu apodrecimento. No entanto, o bambu pode ter uma vida útil de até quatro anos quando não tratado e quando submetidos a tratamentos adequados e utilizados corretamente resistem em torno de 20 a 50 anos.
Metodos para o manejo correto do bambu.
Corte
A época indicada para o corte é ao meio do ano, nos meses de maio, junho, julho e agosto, no inverno o bambu apresenta menor indice de amido em sua composição que o torna mais protegido a ataques de insetos e fungos. O corte deve ser feito quando o solo estiver seco, isto faz com que a umidade nos colmos seja menor facilitando o processo de cura, deve ser realizado com serrote a uns 25 cm do chão e logo após um nó para que não acumule agua no interior do colmo que permanecera na mata, isto pode ocasionar o apodrecimento do rizoma prejudicando a planta.
Cura
A cura é o processo de eliminação da seiva, diminuindo a concentração de amido pela transpiração das folhas. O sistema de cura na mata representa o processo mais adequado, conserva a cor natural do bambu evitando manchas de fungos e rachaduras nas peças. Consiste em colocar os talos cortados, verticalmente, sem remover as ramas e as folhas, ficando devidamente isolados do solo, sobre pedras ou suporte devendo permanecer no local por um periodo de 4 a 8 semanas.
Secagem
É o processo de redução da umidade do bambu, secando adequadamente o material evita-se rachaduras e fissuras, aumenta sua resistencia mecanica melhorando o comportamento e possibilitando melhores acabamentos.
a) Secagem ao ar livre.
Processo de secagem onde se posiciona as peças na horizontal em camadas sobre um estaleiro a uns 30cm do chão, protegidos do sol e da chuva mas com boa circulação de ar, entre as peças deve haver uma distancia lateral de 6 cm possibilitando a passagem de ar. Ao Empilharmos novas camadas devemos mante-las espaçadas com o uso de travesas.
O tempo de secagem depende da ventilação no local variando em torno de 4 a 8 semanas
b) Secagem ao fogo.
Processo também considerado como tratamento em que se coloca o bambu próximo a brasas movimentando continuamente para garantir uma secagem uniforme. Antes dos bambus serem submetidos a este processo, a umidade das peças devem ser reduzidas em 50% através da secagem ao ar livre por um período de quinze dias. O calor deve ser controlado para evitar a secagem muito rápida, pois com uma contração excessiva, o bambu poderá apresentar alguns defeitos como fissuras superficiais, deformações e mudança de coloração.
O calor libera a umidade e neutraliza o amido, durante a exposição ao calor o bambu libera agua e outras substancias que devem ser removidas com o uso de um pano, em seguida o bambu deve ficar exposto ao sol. Este processo proporciona ao bambu uma superfície brilhante sem a perda da flexibilidade das fibras.
Tratamento
Consiste na aplicação de produtos quimicos preservativos para proteger o bambu do ataque de fungos ou insetos. O bambu corretamente tratado apresenta resistencia três vezes maior que o bambu sem tratamento.
Algumas soluções para produção do preservativo são:
dissolução em agua de acido borico na concentração de 5% a 10% do volume
dissolução em agua de sulfato de cobre na concentração de 3% do volume + dicromato de sodio tambem a 3% do volume
dissolução de criolina em agua na concentração de 1,5% do volume + 5 gramas de enxofre por litro da solução.
Após o uso a solução preservativa pode ser guardada para uso posteriores ou utilizada em concretos ou massas na construção, evitando que acabe em contato com o meio ambiente.
a) Substituição da seiva
Neste processo as peças devem ser colocadas na vertical dentro de um recipiente
contendo preservativo, que será absorvido por transpiração das folhas. Não se deve cortar as folhas e as ramas dos bambus. O processo de substituição da seiva, inicia-se após o corte, durante a cura depois que o excesso de seiva seja eliminado pela parte inferior do bambu.
b) Método de impregnação por imersão.
Consiste em submergir total ou parcialmente as peças de bambu num depósito
com preservativo. A eficiência deste tratamento depende do maior tempo que este possa permanecer submerso, sendo no minimo uma semana e no maximo quatro semanas pois um periodo maior pode ocasionar fragilidade ao bambu. Este processo deve ser realizado após a cura completa.
c) Banho quente.
maior penetração da solução pelas paredes. Em temperatura acima de 65o C, os grânulos de amido são descompostos e eliminados, diminuíndo portanto o ataque de insetos. Este processo deve ser realizado após a cura completa.
d)Imersão em oleo diesel
Consiste em submergir o bambu em oléo diesel por um periodo de 10 dias, este sistema tem a vantagem de poder reutilizar o diesel após filtragem, não gerando resíduos. Este procedimento deve ser realizado após a secagem do bambu ao ar livre, o bambu deve permanecer no recipiente após a retirada do diesel para que escorra o excesso de óleo.
Ao fazer encaixes em bambus deve se ter o cuidado para coincidir com a existência de um nó, caso contrário podem ocorrer esmagamento das peças, comprometendo as ligações. Em casos onde não seja possivel coincidir a emenda a um nó, podemos reforçar a emenda preenchendo o interior do bambu com um nó de um colmo menor colocado em seu interior.
Em emendas que necessitem de parafusos, aconselha-se o preenchimento do colmo parafusado com concreto. Esta tecnica é conhecida como ligação Velez, aumenta a resistencia da emenda e possibilita ao bambu maior desempenho estrutural.
Ao utilizar o bambu como estrutura para concreto, devemos utilizar somente colmos maduros, secos e impermeabilizados para que não ocorra troca de umidade entre o bambu e o concreto, isto faz com que o bambu sofra contrações e diminua a aderencia ao concreto
A impermeabilização pode ser feita com piche, tintas, resinas ou vernizes, após a aplicação do impermeabilizante se espalha uma camada de areia seca para aumentar a rugosidade da superficie melhorando a aderencia, em alguns casos pode-se enrrolar arame farpado em torno do bambu fornecendo maior fixação ao concreto.
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